A visita do Ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, ao Brasil resultou no anúncio de um acordo bilateral no valor de US$ 600 milhões (aproximadamente 3 bilhões de reais) entre o Brasil e a deteriorada economia do país vizinho. Esse acordo tem como objetivo facilitar o financiamento das exportações brasileiras para a Argentina, em um momento de campanha eleitoral em que o responsável pela pasta da Fazenda argentina busca a presidência do país e costura apoios com os aliados da esquerda para evitar o triunfo do candidato liberal Javier Milei, favorito na corrida pela Casa Rosada (palácio presidencial em Buenos Aires).
A declaração de Massa foi feita no Palácio do Planalto, onde ele foi acompanhado pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), após uma reunião com o presidente Lula (PT). Essa iniciativa surge das circunstâncias econômicas atuais enfrentadas pela Argentina, que lida com grandes problemas financeiros e uma escassez de reservas em dólares, fatores que têm apresentado grandes dificuldades para a aquisição de produtos brasileiros.
CARA A CARA COM HADDAD
O ministro-candidato Massa chegou a Brasília com uma agenda ambiciosa, concentrando-se inicialmente em alternativas para permitir que a Argentina realize comércio sem depender do dólar americano. Acompanhado por uma equipe econômica da segunda maior economia inflacionária da América Latina, Massa foi recebido pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explorando perspectivas de abertura de mercados agrícolas, estabelecimento de novas linhas de crédito e lançamento de projetos de infraestrutura, incluindo o gasoduto presidente Néstor Kirchner.
Conhecido por sua afinidade política com o Partido dos Trabalhadores (PT), Massa delineou os principais pilares de seu plano de governo, abrangendo equilíbrio fiscal, superávit comercial, taxas de câmbio competitivas e desenvolvimento inclusivo. Em uma entrevista para um programa de televisão argentino, Massa enfatizou seu compromisso com a redistribuição de renda, fortalecimento da educação pública e investimentos em universidades. No entanto, ele reconheceu os problemas econômicos que seu país enfrenta, reiterando a promessa de estabilização econômica não cumprida por ele, e que está em vigor desde o início do governo de Alberto Fernández, que indicou Massa como o principal representante da economia argentina.
POLÍTICA INTERNACIONAL E PROMESSAS DE CAMPANHA
A relação entre a Argentina e o Fundo Monetário Internacional (FMI) também emergiu como um tema central nas palavras de Massa e seus aliados governamentais, que enfatizaram a importância de desenhar políticas para a autossuficiência econômica, destacando o potencial do país para exportar recursos como o lítio, gás e petróleo para alcançar autonomia financeira e soberania, palavras que, segundo muitos espectadores, tratam-se de assuntos eleitorais.
O ministro-candidato considera que a inauguração do gasoduto Néstor Kirchner e o compromisso contínuo com a infraestrutura são obras de muita importância para o futuro desenvolvimento da Argentina, e expressou a perspectiva de que a exportação de recursos naturais e produtos industriais contribuirá para acumular reservas de moeda estrangeira, tornando o país mais independente e resiliente do ponto de vista econômico. Críticos, no entanto, veem essas declarações como promessas de campanha destinadas a conquistar o apoio de segmentos do público céticos sobre a continuidade da atual administração argentina.