O governo Lula (PT) decidiu replicar o método cubano para a distribuição de arroz, vendendo diretamente ao comércio local a preço tabelado, contrariando a opinião dos produtores locais, que se opõem à importação do cereal. Este método, também utilizado pelo regime de Nicolás Maduro na Venezuela, tem sido fonte de inspiração para a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que anunciou na quarta-feira (29) que ainda avaliava a modalidade de venda, podendo optar por leilões ou vendas diretas aos varejistas. Os pacotes de arroz importado chegarão aos supermercados com o rótulo “Arroz importado pelo governo federal” e serão vendidos a R$ 4 por quilo, abaixo do preço médio praticado no mercado.
A iniciativa tem gerado críticas entre os produtores e comerciantes de arroz, que alegam que o problema do mercado doméstico é de logística, não de falta de produto, mas o governo Lula insiste em importar o produto. A medida provisória publicada no último dia 24 autoriza a Conab a vender diretamente aos varejistas, o que pode desestimular o plantio da nova safra e pressionar as margens dos concorrentes internos, provocando uma crise ainda maior no setor alimentício. Segundo Thiago dos Santos, diretor de Operações e Abastecimento da Conab, a estatal ainda trabalha no leilão de importação e decidirá posteriormente a forma de venda. “A MP autoriza a Conab a fazer venda direta, lembrando que a Conab pode fazer também tanto a compra quanto a venda através dos seus leilões”, afirmou Santos.
O método de distribuição de alimentos em Cuba, que parece inspirar essa iniciativa, envolve o controle governamental de toda a produção, importação e distribuição de alimentos. O governo cubano fixa os preços e distribui os produtos à população de acordo com critérios próprios, defendendo a ideia de que todos tenham acesso aos itens básicos. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD), afirmou que o arroz importado pelo governo poderá chegar aos mercados em até 40 dias, com a primeira remessa ampliada para 300 mil toneladas. A Conab, no entanto, enfrenta problemas operacionais para lidar com a distribuição direta ao comércio, atividade que não é rotina da estatal. O governo defende que a intervenção visa combater a especulação e garantir preços justos aos consumidores, o mesmo argumento utilizado por Chávez na Venezuela para estatizar a produção de alimentos.