Após o Congresso derrubar o decreto que elevava o IOF, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou que o governo estuda criar novas fontes de arrecadação e cortar verbas de programas sociais, evitando, no entanto, discutir a redução de despesas do próprio Executivo. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Haddad listou como alternativas a taxação de dividendos, cortes adicionais em áreas como saúde, educação e habitação, e até a possibilidade de acionar o Supremo Tribunal Federal contra o Congresso. “Vai faltar recurso para a saúde, para a educação, para o Minha Casa, Minha Vida”, alertou.
Haddad já vinha demonstrando insatisfação com a resistência do Congresso em aprovar medidas de aumento de impostos. Nesta semana, voltou a defender a taxação de 5% sobre novas emissões de letras de crédito como LCI e LCA, atualmente isentas. A proposta, porém, enfrenta forte oposição, inclusive da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que advertiu sobre os riscos para o crédito rural e o possível aumento no preço dos alimentos. “A conta será paga pelo consumidor”, destacou a FPA em nota oficial.
Na tentativa de justificar os aumentos de tributos, o ministro alegou que o governo busca justiça fiscal e que a intenção é tributar “quem não paga nada e é rico”. Ainda assim, Haddad admitiu que instituições financeiras já driblam o IOF atual, e que novas regras estão sendo estudadas para impedir essas brechas. Apesar da retórica sobre justiça social, o governo Lula (PT) mantém fora do debate qualquer iniciativa concreta para contenção de gastos próprios, sinalizando que a fatura poderá recair, mais uma vez, sobre o setor produtivo e a população em geral.