O Brasil assistiu consternado ao drama da estudante Jéssica Vitória Canedo, que se suicidou devido ao bullying praticado por mais de 30 páginas de fofocas. Junto com a notícia mentirosa e o assédio, foi descoberto um verdadeiro cartel de cancelamento, capitaneado pela agência Mynd8, que manipulava influenciadores, recebia contratos do governo e tinha em suas mãos mais de 400 páginas. Sete a cada dez internautas acessam as páginas de seus clientes, a maioria de fofocas. Não por acaso.
Voltando no tempo, desde 2011 a esquerda criou a MAV (Militância em Ambientes Virtuais), apresentada no 4º Congresso do PT para espionar, apagar comentários, criar narrativas e assassinar reputações. A executiva arrebanhou uma tropa de filiados, primeiramente, para ser treinada a fazer propaganda e criticar opiniões em sites e redes sociais. Depois, o plano era distribuir núcleos MAV em todo o país para atuar nas eleições de 2012, com tuiteiros amadores, já que a profissão de jornalista ainda não havia sido desregulamentada. A dispensa do diploma de jornalista para o exercício da profissão ocorreu no governo Dilma, e deixou milhares de jornalistas desempregados, gerando oportunidades de recolocação para esses profissionais atuarem nos MAVs, é claro.
No presente, a Mynd8 é a nova face das MAVs, por isso não surpreende que seus sócios de esquerda, ligados ao governo, tenham recebido mais de 1 milhão em contratos públicos entre 2014 e 2023. Essa agência de mídias sociais também trabalhou na campanha de Lula em 2022 e no mesmo ano foi acusada de extorsão, revivendo as práticas da imprensa marrom. A agência teria exigido 35 mil de um internauta para cancelar o cancelamento que ela própria promoveu.
As MAVs aliadas à imprensa comprada foram responsáveis pela repetição à exaustão de que o impeachment legítimo de Dilma “foi golpe”, e outras distorções. Terminada a festa de Dilma em dilapidar os cofres públicos, as MAVs foram absorvidas por prefeitos e governadores da esquerda. Certamente, abafado o escândalo da Mynd8, seus personagens vão encontrar o mesmo espaço concedido às MAVs.
Assinamos recentemente um pedido de CPI na Câmara para investigar essa agência, o que ajudaria muito na descoberta de mais detalhes. Se houvesse justiça eleitoral idônea também seria possível regulamentar a criação e as práticas de tais organizações durante o período eleitoral. Nesse último caso, podemos chamar de “esperar o impossível”.
A história demonstra que as práticas abusivas e proibidas no nível federal rapidamente são transferidas para estados e municípios parceiros da esquerda. As próximas eleições serão um termômetro da aprovação da sociedade para esse tipo de atuação. Por isso a importância de eleger pessoas de reputação ilibada e que tenham projetos benéficos para a sociedade para ocupar cargos executivos locais. Vamos aguardar os próximos capítulos porque, como vimos, os “capangas digitais” não vão desistir tão cedo.
Luiz Philippe de Orleans e Bragança