O ex-ministro da Previdência Carlos Lupi prestou depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS na segunda-feira (8), mas suas declarações deixaram mais dúvidas do que esclarecimentos sobre o esquema bilionário de descontos indevidos em aposentadorias. A sessão, marcada por embates entre parlamentares da direita e da esquerda, evidenciou contradições nas falas de Lupi, que afirmou desconhecer a dimensão das fraudes mesmo após alertas internos desde 2023.
O presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), apontou inconsistências entre o depoimento de Lupi à comissão e declarações anteriores feitas na Câmara dos Deputados. Entre os pontos destacados estão a relação do ex-ministro com Tônia Galetti, que denunciou o esquema, e a nomeação de servidores investigados. Viana cogita convocar Lupi novamente ou realizar acareação com outros envolvidos para confrontar versões divergentes.
Durante a audiência, Lupi alegou que o INSS é uma autarquia independente e que o Governo Federal apenas acompanhava os indícios de irregularidades, sem ter noção do volume das fraudes. A operação da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União revelou que mais de R$ 6,3 bilhões foram desviados entre 2019 e 2024, afetando milhões de aposentados. Lupi deixou o cargo em maio, após o escândalo vir à tona, mas negou má-fé ou envolvimento direto no esquema.
