A biografia de Lula da Silva (PT) foi lançada na China com aval do regime comunista, responsável por autorizar e controlar todo material publicado no país. A obra, apresentada na Feira Internacional do Livro de Pequim, destaca aspectos pessoais do petista, como sua “simpatia” e domínio do português, conforme repercutido por usuários chineses nas redes sociais. A publicação integra a estratégia do Partido Comunista Chinês de promover figuras alinhadas a seus interesses, como Lula, tratado no livro como um líder popular e carismático.
A edição traduzida para o mandarim foi publicada pela Yilin Press e traduzida por Tiago Li, estudante chinês que passou seis meses no Brasil. “Espero que esse livro incentive os leitores a conhecer melhor o Brasil”, afirmou Li à agência estatal Xinhua. A primeira parte da biografia cobre o período que vai da infância de Lula até o início do seu governo em 2003, deixando de fora os escândalos que marcaram os anos seguintes, incluindo os processos da Operação Lava Jato — cuja cobertura ficará para um segundo volume ainda em fase de produção.
Com aprovação prévia do regime de Xi Jinping, a versão chinesa publicada até agora, tenta ajudar a esquecer os vínculos de Lula com o maior esquema de corrupção da história do Brasil e reforça a narrativa de estadista internacional. O lançamento ocorre poucos meses após a visita oficial do líder da esquerda brasileira à China, onde se alinhou publicamente ao regime comunista em críticas aos Estados Unidos e suas políticas comerciais. A publicação reforça a aproximação entre o atual governo brasileiro e Pequim, em contraste com o posicionamento mais cauteloso adotado durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL).
