O Ibovespa encerrou a quinta-feira (28) com queda de 2,40%, atingindo 124.610 pontos, menor nível desde junho e maior retração porcentual desde maio de 2023. A Black Friday, tradicional data comercial, foi marcada por um cenário econômico desfavorável, com impacto severo em empresas cíclicas. A construtora MRV liderou as perdas, despencando 14,1%, seguida pela CVC (-13,38%) e Renner (-10,16%). Essa movimentação reflete o pessimismo crescente após a divulgação do pacote fiscal do governo Lula (PT), que não conseguiu reverter a desconfiança do mercado.
A escalada na curva de juros futuros contribuiu para o cenário de estresse financeiro. A taxa de DI para janeiro de 2027 ultrapassou os 14%, sugerindo que a Selic, atualmente em 12,75%, possa superar 14,75% no próximo ano. Em relatório, o banco JPMorgan destacou que as medidas fiscais falharam em recuperar credibilidade e previu que o Banco Central deverá elevar a Selic para 12,25% já em dezembro. O documento criticou a falta de medidas concretas e sustentáveis, afirmando que a economia projetada pelo governo seria “irrisória, cerca de 0,1% do PIB em 2025”.
Enquanto isso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), rebateu as críticas, acusando o mercado de fazer “profecias não realizadas”. Segundo Haddad, o governo busca um ajuste fiscal contínuo, e as medidas apresentadas seriam apenas o começo. Contudo, analistas de instituições como Goldman Sachs mantêm o ceticismo, classificando o pacote como “difuso e de rendimento incerto”. A queda na Bolsa e o aumento dos prêmios de risco refletem o impacto imediato da estratégia econômica, que enfrenta questionamentos sobre sua eficácia, viabilidade e capacidade do governo Lula para gerir os cofres públicos.