Em interrogatório conduzido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (10), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reafirmou que não houve articulação para impedir a posse de Lula da Silva (PT) e que nunca foi apresentado nenhum plano de golpe. Questionado sobre o encontro com os comandantes das Forças Armadas, Bolsonaro negou ter recebido voz de prisão e desmentiu a narrativa apresentada por membros do próprio alto comando militar. “As Forças Armadas sempre primaram pela disciplina e hierarquia. Aquilo falado pelo brigadeiro Baptista Júnior não procede”, declarou.
Durante a oitiva, Bolsonaro afirmou que a minuta de decreto com medidas contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi apenas exibida rapidamente em uma tela e que ele não teve qualquer participação em sua elaboração. “Não tinha cabeçalho, nem o ‘fecho’. Só isso. Não escrevi, não alterei, não digitei nada. Não tenho responsabilidade sobre essa minuta”, disse o ex-presidente, buscando afastar a acusação de que teria agido contra a ordem constitucional. Segundo ele, “em nenhum momento os comandos de força pensaram em fazer algo ao arrepio da lei”.
Bolsonaro também explicou por que se ausentou da cerimônia de posse presidencial e reiterou suas críticas ao sistema eleitoral e ao STF. “Não passei (a faixa presidencial) porque não ia me submeter a passar a faixa pra esse atual mandatário aí”, afirmou. O ex-presidente ainda classificou como desproporcionais as ações do Judiciário contra ele: “Fui alvo de pelo menos uma ação por semana, para responder em 24 ou 48 horas”. Mesmo diante da insistência dos ministros, Bolsonaro não apresentou qualquer indício que sustentasse a tese de golpe usada por setores da esquerda para tentar prendê-lo ou deixá-lo inelegível.