O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), indiciado pela Polícia Federal por suposto envolvimento em um plano de golpe de Estado, declarou considerar-se vítima de perseguição política e não descartou buscar refúgio em uma embaixada caso sua situação judicial se agrave. Em entrevista ao portal Uol, Bolsonaro afirmou que as ações das autoridades contra ele, incluindo três mandados de busca e apreensão, são “absurdas” e que vive em um “mundo de arbitrariedades”. O relatório da PF que fundamenta o indiciamento aponta supostas evidências de que o ex-presidente teria planejado e comandado atos para abolir o Estado democrático de direito.
Bolsonaro argumentou que discutir artigos da Constituição, como o uso de dispositivos que poderiam justificar um estado de defesa ou de sítio, não configura crime. Ele admitiu ter dialogado com as Forças Armadas para reavaliar o processo eleitoral após as eleições de 2022. “Minuta do golpe é baseada na Constituição. Para que serve a Constituição? Se tem um remédio ali, por que não discutir?”, questionou. Ainda assim, ele negou qualquer envolvimento em planos para prender ou matar Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF Alexandre de Moraes, classificando tais acusações como “bravatas”.
O relatório da Polícia Federal cita Bolsonaro 533 vezes e sugere uma pena máxima de 28 anos de prisão pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de direito e organização criminosa. Apesar disso, o ex-presidente reforçou que, se tivesse algo a temer, não teria retornado ao Brasil. “Se eu devesse alguma coisa, estaria nos Estados Unidos, não teria voltado”, afirmou. A decisão sobre seu futuro está agora nas mãos da Procuradoria-Geral da República.