O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta terça-feira (29) que a taxa básica de juros deverá ser elevada para enfrentar a persistente pressão inflacionária no Brasil. Segundo ele, o atual cenário de incerteza econômica exige que o Copom mantenha a Selic em um nível “suficientemente restritivo” pelo tempo necessário para alcançar a meta de inflação. A declaração foi feita durante coletiva sobre o Relatório de Estabilidade Financeira, onde Galípolo reforçou que “a desaceleração da economia é um elemento necessário” para conter os preços.
Enquanto isso, o governo Lula (PT) comemorou o superavit primário de R$ 1,096 bilhão em março, o melhor para o mês desde 2021. Apesar do resultado positivo, o saldo se deveu principalmente à contenção de despesas discricionárias e ao aumento pontual da arrecadação, como no Imposto de Importação e no Imposto de Renda. Ainda assim, o acumulado de 12 meses mostra um deficit de R$ 10,85 bilhões, o que evidencia a dificuldade da equipe econômica em sustentar o equilíbrio fiscal de forma estrutural.
Galípolo também criticou distorções na política de crédito, apontando que muitas famílias e pequenas empresas estão recorrendo a empréstimos caros para complementar renda, o que agrava o endividamento. Ele voltou a defender reformas para corrigir o que chama de “subsídios cruzados perversos”, que enfraquecem a política monetária e favorecem setores com acesso a crédito abaixo da Selic. Para o presidente do BC, a falta de fluidez nos canais de transmissão exige juros mais altos e por mais tempo, penalizando a economia real.