Apesar de contar com apoio da maioria dos deputados federais, a urgência do projeto de anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro não será pautada na próxima semana, conforme declarou o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), nesta quinta-feira (24). A decisão veio logo após um jantar com Lula (PT), realizado na noite anterior na residência oficial de Motta, e uma reunião tumultuada entre os líderes partidários. O recuo foi interpretado por parlamentares da oposição como uma manobra para atender aos interesses do Planalto, que é contrário à anistia.
Durante a coletiva, Hugo Motta afirmou que o Colégio de Líderes decidiu pelo adiamento da votação após ampla discussão. “Decidiu-se pelo adiamento da pauta desse requerimento de urgência”, disse, destacando que a medida não representa o fim do debate. O presidente da Câmara também enfatizou que seguirá dialogando com os partidos, incluindo os de oposição, como o PL, que pressionam pela votação imediata. A declaração ocorre em um momento em que 264 deputados já haviam assinado o requerimento, número superior ao necessário para impulsionar a tramitação.
A oposição, liderada pelo deputado Zucco (PL-RS), reagiu com firmeza à decisão e anunciou obstrução nas votações enquanto a urgência não for pautada. “O que aconteceu aqui hoje, na minha visão, foi um grande desrespeito para com a Câmara Federal”, criticou Zucco, que também ligou o impasse político ao agravamento do estado de saúde do ex-presidente Jair Bolsonaro, internado em UTI após ser notificado pelo STF. A base governista, por sua vez, tem atuado para frear a proposta, mesmo com adesões dentro de seus próprios partidos, como União Brasil e PSD.
