Um corte abrupto de energia atingiu todas as regiões do Brasil nesta terça-feira (15), revelando as vulnerabilidades da nossa infraestrutura elétrica. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apontou que uma ocorrência na rede do Sistema Interligado Nacional (SIN) resultou na interrupção de 16 mil megawatts (MW) de carga, lançando luz sobre os problemas do fornecimento de energia.
Embora as causas exatas ainda estejam sendo investigadas, o ONS indicou que a origem do apagão foi a abertura da interligação Norte-Sudeste, apresentando um impacto imediato e expressivo. O problema começou a se manifestar nos sistemas do ONS às 8h31 (horário de Brasília), momento em que a demanda por energia geralmente aumenta, manifestando uma queda na carga do sistema elétrico brasileiro em 25,9% em apenas dez minutos.
Os dados do ONS que monitoram o SIN mostram que o Brasil estava registrando 73.484,7 MW de carga às 8h30, com uma tendência de aumento, como é usual nas manhãs. Entretanto, no minuto seguinte, às 8h31, a carga do sistema caiu abruptamente cerca de 7%. A perda de carga continuou nos minutos seguintes, atingindo seu ponto mais baixo às 8h40, quando o sistema registrou a menor carga do dia, marcando 54.383,7 MW. Esses números alarmantes do SIN revelam que, em apenas dez minutos, mais de um quarto da energia do sistema foi perdido, levantando dúvidas sobre a estabilidade do sistema elétrico brasileiro.
Enquanto o Brasil enfrentava esse episódio de apagão, nos cantos de Cuba e Venezuela, essa realidade se tornou uma rotina assustadora. Os apagões nesses países latino-americanos têm sido uma constante, alimentados por desafios similares, incluindo a carência de investimento e manutenção em suas infraestruturas elétricas, e também pela dependência de combustíveis importados para gerar energia.
Cuba: Décadas de escuridão intermitente
Cuba tem sido afetada por apagões frequentes que persistem há décadas. A infraestrutura elétrica do país sofre de negligência e falta de recursos, e a dependência de combustíveis importados torna o sistema vulnerável às flutuações de preços internacionais e à escassez de suprimentos. Em um esforço para lidar com a crise, as autoridades cubanas implementaram um plano de racionamento de energia em 2019, com cortes programados em diferentes áreas do país durante várias horas por dia. No entanto, essas medidas paliativas apenas minimizaram o problema, não o resolveram.
A crise econômica combinada com a escassez de combustíveis agravou ainda mais a situação, resultando em apagões mais frequentes e prolongados. A população cubana enfrenta dificuldades no cotidiano, pois a falta de eletricidade afeta a vida doméstica, o trabalho e os serviços essenciais.
Venezuela: Um passado sombrio que persiste
Na Venezuela, a crise energética também atingiu proporções alarmantes. O sistema elétrico do país está em deterioração devido à falta de investimento e manutenção ao longo dos anos, resultando em um aumento nas falhas. A crise que se seguiu ao grande apagão de março de 2019 ainda não foi superada, e a negligência na infraestrutura e a ausência de investimento continuam a ser as principais causas dessa situação crítica.
Os números pintam um quadro preocupante: o Comitê de Atingidos por Apagões relata um aumento expressivo no número de falhas elétricas na Venezuela, passando de 3.296 cortes em janeiro para 10.013 em maio. Esses apagões frequentes reavivam o medo de um apagão geral, semelhante ao que ocorreu em março de 2019, deixando o país no escuro por quase uma semana. Além dos inconvenientes diários, a falta de energia elétrica coloca em risco a vida de pacientes hospitalizados, destacando a vulnerabilidade do sistema e suas consequências letais.
Desafios compartilhados e lições a aprender
Os apagões que afetaram o Brasil, Cuba e Venezuela lançam luz sobre um problema persistente que transcende fronteiras. A falta de investimento, manutenção inadequada, capacidade técnica e a dependência de recursos externos para a geração de energia são problemas que esses países enfrentam em graus diferentes. Enquanto o Brasil busca respostas para o apagão recente, é importante olhar para as experiências de Cuba e Venezuela como lições de advertência sobre as consequências de não enfrentar essas questões de maneira eficaz, onde a falta de investimento e manutenção comprometeu gravemente seus sistemas elétricos, impactando diretamente a vida dos cidadãos.