A Justiça de São Paulo negou o pedido de arquivamento do processo de improbidade administrativa e enriquecimento ilícito contra o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que busca se livrar dos vínculos com a Odebrecht. Alckmin é acusado de oferecer vantagens à Odebrecht em troca de doações ilegais para sua campanha de reeleição ao governo do estado em 2014. Marcos Monteiro, tesoureiro da campanha de 2014 e também réu, solicitou a anulação das provas obtidas por delação premiada de ex-executivos da Odebrecht e o encerramento do processo, baseando-se na recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que desconsiderou provas das planilhas do Departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht.
Apesar da argumentação de Monteiro, a Justiça de São Paulo manteve a continuidade do processo, alegando a existência de outras provas independentes. A denúncia do Ministério Público detalha que a Odebrecht teria destinado R$ 8,3 milhões via caixa dois, operados pelo doleiro Álvaro José Galliez Novis e seu funcionário Rogério Martins, com entregas realizadas entre abril e outubro de 2014. Alckmin é acusado de acobertar a formação de cartel e o superfaturamento de obras, como a construção da Linha 6 do Metrô de São Paulo, em troca dessas doações.
A decisão judicial citou duas transações da transportadora de valores Transmar como provas independentes, realizadas em um hotel em São Paulo, que não foram declaradas na prestação de contas de Alckmin. A defesa de Alckmin, representada pelo advogado Fábio de Oliveira Machado, argumentou que “os fundamentos da ação civil pública já foram objeto de várias decisões judiciais, incluindo do STF, e nunca prosperaram”. Em 2023, Alckmin e Monteiro conseguiram o arquivamento de uma ação correlata de caixa dois na Justiça Eleitoral, mas a Justiça de São Paulo permanece firme em manter o atual processo em andamento.