A Operação Compliance Zero, que apura fraudes bilionárias ligadas ao Banco Master e ao Banco de Brasília (BRB), teve seu curso alterado após a Polícia Federal confirmar que uma autoridade com foro especial no Supremo Tribunal Federal (STF) foi identificada no caso. O diretor-geral da corporação, Andrei Rodrigues, informou que, diante do “achado”, as apurações foram suspensas e encaminhadas ao Supremo, em cumprimento às regras de competência. A decisão monocrática do ministro Dias Toffoli concentrou todas as medidas investigativas no STF, retirando o processo da 10ª Vara Federal de Brasília.
O esquema investigado envolve a emissão de títulos de crédito sem lastro, conhecidos como “títulos podres”, que teriam sido usados para mascarar rombos financeiros e vendidos ao BRB. A Polícia Federal suspeita que carteiras artificiais foram criadas para inflar os ativos do banco estatal, causando prejuízos estimados em R$ 17 bilhões. A mudança de foro foi motivada por um documento apreendido na residência do banqueiro Daniel Vorcaro, referente a um imóvel de luxo em Trancoso (BA), avaliado em R$ 250 milhões, que citava empresa ligada ao deputado João Carlos Bacelar (PL-BA). Embora o Ministério Público Federal tenha afirmado que a transação não foi concretizada e não guarda relação direta com as fraudes, a defesa sustentou que a menção ao parlamentar atrairia a prerrogativa de foro.
O episódio ganhou repercussão adicional quando se tornou público que Toffoli viajou a Lima para assistir à final da Libertadores em jato privado do empresário Luiz Oswaldo Pastore, acompanhado de Augusto de Arruda Botelho, ex-integrante do governo Lula e advogado de Luiz Antonio Bull, diretor de compliance do Banco Master preso na operação. Apesar da paralisação temporária, a Polícia Federal garantiu que não houve prejuízo às investigações e que o material apreendido já voltou a ser analisado sob supervisão do Supremo.











