Em uma derrota expressiva para o governo Lula, a Câmara dos Deputados retirou da pauta a medida provisória que tratava da tributação sobre operações financeiras, inviabilizando sua votação antes do prazo de validade. A proposta, que poderia gerar cerca de R$ 17 bilhões em arrecadação para o Governo Federal em 2026, foi rejeitada por 251 votos favoráveis à retirada contra 193 contrários. O texto buscava alterar regras de tributação sobre investimentos, fintechs e compensações tributárias, sendo considerado estratégico pela equipe econômica do petista.
A medida provisória foi publicada em junho como resposta à resistência gerada pela tentativa anterior de aumento do IOF. Para viabilizar sua aprovação, o relator Carlos Zarattini (PT-SP) flexibilizou o texto original e atendeu demandas do setor produtivo, especialmente do agronegócio. Apesar disso, parlamentares governistas alegaram quebra de acordo, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), chegou a se reunir com Lula e líderes do Congresso na tentativa de salvar a proposta. A articulação, no entanto, não foi suficiente para garantir apoio à MP, que caducou nesta última quarta-feira (8).
A retirada da proposta ocorre em meio a especulações sobre suposta articulação de lideranças estaduais, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que negou qualquer envolvimento com o boicote à medida. Segundo ele, não houve qualquer tipo de mobilização contra o texto. Diante da derrota, lideranças governistas indicaram que o Governo Federal pode recorrer ao contingenciamento de até R$ 10 bilhões em emendas parlamentares como forma de compensar a perda de arrecadação.