Lula da Silva (PT) declarou nesta quinta-feira (27) que estuda aplicar novas tarifas sobre produtos importados dos Estados Unidos, incluindo iPhones, como resposta às taxas impostas pelo governo de Donald Trump. A justificativa do governo é baseada no princípio da reciprocidade, alegando que a medida norte-americana prejudica exportações brasileiras, especialmente no setor do aço. “Nós temos duas decisões a fazer. Uma é recorrer na Organização Mundial do Comércio, que nós vamos recorrer, e a outra é a gente sobretaxar os produtos americanos que nós importamos”, afirmou Lula ao deixar Tóquio, no Japão.
Enquanto o governo brasileiro diz reagir ao protecionismo americano, economistas alertam que a decisão pode resultar em uma nova alta da carga tributária para os consumidores brasileiros. O Impostômetro da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) aponta que, até 9 de abril, os contribuintes já terão pago R$ 500 bilhões em impostos, um aumento de 8,3% em relação ao ano anterior. Especialistas atribuem esse crescimento à inflação, ao aumento de tributos estaduais e federais e à reoneração de combustíveis. “A inflação desempenhou um papel relevante, uma vez que o sistema tributário brasileiro é baseado majoritariamente em impostos sobre o consumo”, explicou Ulisses Ruiz de Gamboa, economista da ACSP à CNN Brasil.
Além dos impactos sobre o comércio internacional, a possível taxação de produtos dos EUA se soma a outras medidas recentes do Governo Federal que ampliam a arrecadação. A reoneração de setores produtivos e mudanças na tributação offshore são algumas das iniciativas que aumentaram o peso dos tributos sobre empresas e consumidores. Com o ritmo acelerado da arrecadação, especialistas indicam que o governo pode estar utilizando disputas comerciais como pretexto para elevar impostos, afetando diretamente o bolso da população.