Em meio à queda dramática de popularidade, Lula da Silva (PT) aposta na manutenção da inelegibilidade de Jair Bolsonaro (PL) como forma de evitar o retorno da direita ao poder em 2026. Em discurso nesta quarta-feira (5), Lula reforçou críticas ao ex-presidente e se manifestou contra sua absolvição na Justiça, acusando-o de tentativa de golpe. “Nem terminou o processo, já querem anistia. Não acreditam que são inocentes? Eles deveriam acreditar e não ficar pedindo anistia antes de o juiz determinar a punição”, afirmou.
A rejeição ao governo petista aumentou nos últimos meses, com impacto substancial no Nordeste, onde Lula historicamente concentra maior apoio. Segundo pesquisa Quaest, divulgada no final de janeiro, a desaprovação do petista ultrapassou a aprovação pela primeira vez desde o início do mandato. A queda mais expressiva ocorreu entre os nordestinos, onde a aprovação caiu de 67% para 60%. O ex-ministro José Dirceu, um dos articuladores mais fortes do PT, reconheceu o problema ao classificar a situação como um “tombo histórico” e alertar para a perda de apoio entre segmentos que teriam garantido a vitória do petista em 2022.
Além da piora nos índices de aprovação, o governo enfrenta descontentamento crescente devido a medidas econômicas impopulares, como a taxação de importações e o endurecimento na fiscalização de transações via Pix. A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), cobrou mais presença do governo na região, admitindo que o apoio a Lula não está garantido para 2026. O cenário tem levado o Planalto a buscar estratégias para conter o desgaste, ao mesmo tempo em que aposta na manutenção da inelegibilidade de Bolsonaro como fator determinante na disputa eleitoral.