A Coreia do Sul encontra-se uma crise política profunda após o presidente Yoon Suk-yeol declarar lei marcial nesta terça-feira (3), alegando a necessidade de combater ameaças comunistas pró-Coreia do Norte que tentariam derrubar o governo democrático. A Assembleia Nacional rejeitou o decreto com unanimidade entre os presentes — 190 votos a favor da anulação, nenhum contra. Apesar disso, a validade da decisão ainda é incerta, enquanto tanques ocupam as ruas de Seul e o Parlamento permanece fechado. Yoon justificou a medida como uma ação para “proteger a ordem constitucional de liberdade”.
O decreto de lei marcial inclui severas restrições, como o controle da mídia, proibição de manifestações e suspensão de atividades políticas. Em resposta, o líder oposicionista Lee Jae-myung classificou a medida como “inconstitucional e anti-pública”. Apesar da forte rejeição parlamentar, o ministro da Defesa, Shin Won-sik, colocou as forças armadas em alerta máximo, sinalizando apoio ao presidente. A oposição teme que a situação traga reminiscências de períodos autoritários na história sul-coreana, como a crise de 1979, quando a lei marcial também foi utilizada.
A situação sul-coreana contrasta com o cenário no Brasil, onde manifestações pacíficas, como vigílias em frente a quartéis realizadas por cidadãos com bandeiras e velas, foram tratadas como afrontas à democracia e resultaram em prisões, inclusive de idosos e outros cidadãos desarmados, sob acusações de subversão, enquanto na Coreia do Sul, a interpretação de golpe de Estado parece ter outra interpretação, com unidades militares nas ruas e suspensão de garantias.