Os Correios registraram um prejuízo recorde de R$ 2 bilhões entre janeiro e setembro de 2024, o maior já registrado no período para a estatal, superando até mesmo os números do governo Dilma Rousseff (PT) em 2015. O resultado é atribuído, em parte, à “taxa das blusinhas”, política que impactou a importação de mercadorias e resultou em queda de R$ 200 milhões no faturamento entre julho e setembro deste ano, em comparação com o mesmo período de 2023. A situação financeira da estatal, que já indicava dificuldades, agravou-se com decisões polêmicas e elevados custos da atual administração.
Desde que assumiu a presidência da estatal, Fabiano Silva dos Santos, advogado indicado pelo coletivo Prerrogativas, tomou medidas de impacto orçamentário. Além de não recorrer a ações trabalhistas que somam R$ 1 bilhão, a gestão também assumiu o compromisso de transferir R$ 7,6 bilhões ao fundo de pensão Postalis. Paralelamente, os Correios decretaram um teto de gastos de R$ 21,96 bilhões para 2024, com cortes em contratações e renegociação de contratos. Apesar das restrições, a estatal abriu um concurso público para mais de 3.500 vagas, decisão que evidencia contradições sobre a coerência das medidas.
Em comunicado, os Correios alegaram que a situação atual decorre de uma “herança contábil” da gestão anterior, no governo Jair Bolsonaro (PL), embora o período tenha sido marcado por lucros em três dos quatro anos. “Tais medidas visam, fundamentalmente, evitar que a empresa entre em estado de insolvência”, declarou a estatal em documento divulgado pelo Poder360. Analistas apontam que, caso a trajetória atual se mantenha, o prejuízo pode ultrapassar R$ 2,1 bilhões até o final do ano, intensificando as pressões para um possível socorro pelo Tesouro Nacional.