Gabriel Galípolo, indicado por Lula (PT) para presidir o Banco Central a partir de 2025, defendeu nesta segunda-feira (2) a manutenção de taxas de juros mais elevadas por um período prolongado. Durante um evento organizado pela XP Investimentos em São Paulo, Galípolo justificou que a economia brasileira apresenta um dinamismo inesperado combinado com a desvalorização do real, fatores que, segundo ele, tornam “lógica” uma política monetária mais rígida. A declaração contrasta com as críticas recentes da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que acusou o BC de praticar “terrorismo de mercado” ao elevar a Selic no último mês.
Galípolo destacou que a desancoragem das expectativas inflacionárias é uma das principais preocupações do Banco Central. Citando o Boletim Focus, que projeta inflação de 4,71% para 2024, ele reafirmou o compromisso da instituição em reancorar essas expectativas e garantir previsibilidade ao mercado. “É um tema que monitoramos com bastante atenção, pelo incômodo gerado durante um ciclo de alta de juros”, explicou o diretor. Além disso, ele apontou o impacto do aquecimento do mercado de trabalho, com taxa de desemprego em 6,2%, como uma variável significativa na formação de pressões inflacionárias.
Em relação ao cenário externo, Galípolo alertou para as transformações nas economias globais, como as pressões inflacionárias nos Estados Unidos e na Europa, e as mudanças nas cadeias de produção. Apesar de elogiar a atual gestão do Banco Central, o futuro presidente terá que de conciliar as críticas políticas, vindas principalmente do PT, com a necessidade de adotar medidas que priorizem a estabilidade econômica.