O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, deverá se encontrar com Lula da Silva (PT) no Rio de Janeiro durante a cúpula do G20, em um momento considerado decisivo para a agenda globalista e progressista apoiada pelo governo brasileiro. A reunião ocorre dias antes de o ex-presidente Donald Trump reassumir a presidência dos EUA, o que gera apreensão entre países defensores do multilateralismo, devido ao histórico nacionalista de Trump em seu primeiro mandato, quando se afastou de acordos globalistas e criticou parcerias como a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Para o Brasil, o evento marca o encerramento de sua presidência no G20, na qual Lula priorizou temas como o combate à fome e a criação da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza. Maurício Lyrio, embaixador e principal negociador brasileiro no G20, destacou o consenso em torno dessa agenda, afirmando que “não há país que considere que retirar 733 milhões de pessoas da situação de fome seja algo negativo”. No entanto, o avanço dessa iniciativa e de outras, como a taxação dos ultrarricos, poderá enfrentar complicações com a mudança no governo americano.
Especialistas observam que a volta de Trump ao poder tende a limitar o alcance de decisões alinhadas com a agenda globalista, inclusive sobre a Aliança Global e a tributação de bilionários, temas importantes para Biden e Lula. No entanto, alguns acreditam que Trump deverá manter acordos com as elites mundiais. O professor John Kirton, da Universidade de Toronto, acredita que Trump terá de ajustar as decisões internacionais de seu governo à realidade econômica mundial. “Trump não pode salvar a economia dos Estados Unidos sem a ajuda concreta dos seus aliados”, afirmou Kirton, indicando que a pressão global pode, eventualmente, moderar as decisões do futuro presidente.