A arrecadação recorde do governo federal, impulsionada pelo retorno de tributações como o PIS/Cofins sobre combustíveis, ainda não foi suficiente para cobrir o aumento das despesas públicas. Entre janeiro e setembro de 2024, a receita líquida totalizou R$ 1,57 trilhão, um crescimento real de 6,4% em comparação com o ano anterior. Entretanto, as despesas do governo Lula (PT) subiram 6,5% no mesmo período, totalizando um aumento de R$ 101,4 bilhões, superando a alta da receita em R$ 7,2 bilhões, segundo dados do Tesouro Nacional.
Os gastos obrigatórios, incluindo benefícios previdenciários, abono salarial e seguro-desemprego, têm exercido uma pressão importante nas contas públicas, o que resultou em um déficit primário de R$ 105,2 bilhões no período analisado, um aumento real de 7,4% em relação ao mesmo período de 2023. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou que o governo trabalha em um pacote de medidas para conter essa trajetória crescente de despesas. Ele prometeu divulgar a revisão de gastos em breve, embora a expectativa fosse que o pacote estivesse pronto na última semana.
A arrecadação federal, que atingiu R$ 1,9 trilhão nos primeiros nove meses do ano, representou um aumento de 9,68% em relação ao mesmo período de 2023. Segundo Claudemir Malaquias, chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros da Receita Federal, o incremento está diretamente ligado ao desempenho econômico, com destaques para o aumento da arrecadação de PIS/Cofins e impostos sobre importação. No entanto, apesar do crescimento, analistas financeiros alertam que o governo enfrenta problemas para cumprir as metas fiscais até 2027, com a necessidade de equilibrar o avanço da arrecadação e o controle das despesas obrigatórias.