Em mais uma “sexta-feira negra” para os brasileiros, o dólar comercial chegou a R$ 5,80, registrando a maior alta desde março de 2021, durante o período de pandemia, com uma valorização acumulada de 6,14% apenas em outubro. A moeda americana segue em trajetória ascendente, impulsionada pela falta de medidas do governo federal para conter os gastos públicos, cenário que faz o mercado prever um dólar em até R$ 6,40 nos próximos meses. No mercado de turismo, o dólar já atinge R$ 6, aumentando a pressão sobre consumidores e empresas em um momento de incertezas econômicas.
A volatilidade reflete o receio de investidores em relação à política econômica de Lula (PT). O índice Ibovespa fechou em queda de 0,70%, acumulando uma desvalorização de 1,59% em outubro. Em uma tentativa de minimizar o impacto, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), classificou as discussões sobre o corte de gastos como uma “forçação boba”, sem detalhar quando medidas concretas seriam adotadas. Segundo Julio Mora, da Choice Investimentos, ouvido pelo site UOL, “a demora só aumenta as expectativas” de piora nos índices financeiros, que reagem de forma negativa à falta de um plano de contenção fiscal.
Para especialistas como Alfredo Menezes, da Armor Capital, e Fabio Okumura, da Gauss Capital, segundo InfoMoney, o cenário é claro: a desvalorização do real é uma resposta ao risco fiscal e à alta dos gastos públicos, que se intensificam em ano eleitoral. Ambos veem o dólar como um dos pontos críticos da economia, pressionando a inflação e os custos internos. A recente estabilidade do índice DXY, que monitora o dólar frente a outras moedas, contrasta com a crise brasileira, onde a falta de um ajuste fiscal imediato coloca a moeda nacional em um contexto de fragilidade estrutural.