O presidente da Argentina, Javier Milei, demitiu na quarta-feira (30) a ministra das Relações Exteriores, Diana Mondino, após seu voto favorável a uma resolução da ONU que condena o embargo norte-americano contra Cuba. A medida, aprovada com ampla maioria, contradiz diretamente o posicionamento de Milei, que já havia manifestado claramente sua rejeição a qualquer flexibilização de sanções contra governos ditatoriais, como o de Cuba. O presidente não aceitaria, conforme fontes próximas, que suas políticas externas fossem conduzidas em direção contrária à sua visão de liberdade de mercado e oposição ao comunismo.
A decisão de demitir Mondino também reflete tensões internas, já que a chanceler vinha acumulando divergências com figuras importantes da administração, como a secretária-geral Karina Milei e o assessor Santiago Caputo. Mondino teria, inclusive, sugerido uma reavaliação da posição argentina em relação aos BRICS durante sua última visita à Índia, o que ampliou seu desgaste com Milei e seus aliados mais próximos. Essa postura foi vista como um indício de descompasso entre a chanceler e o governo Milei, que se alinha mais diretamente com os Estados Unidos e Israel, únicos países que votaram contra a resolução na ONU.
O novo chanceler, Gerardo Werthein, até então embaixador argentino nos EUA e empresário ligado ao Comitê Olímpico Internacional, foi rapidamente anunciado pelo porta-voz presidencial, Manuel Adorni. Com um histórico de relações consolidadas com Washington, a escolha de Werthein sinaliza um alinhamento ainda mais próximo da Argentina com os Estados Unidos. Além disso, a demissão de Mondino ocorre em meio a críticas sobre uma recente declaração do Ministério das Relações Exteriores, que se referiu às Malvinas como “Ilhas Falkland” – terminologia britânica vista como uma afronta à soberania argentina.