O dólar fechou nesta terça-feira (29) em alta de 0,95%, cotado a R$ 5,762, após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmar que não há previsão de divulgação do aguardado pacote fiscal para corte de despesas públicas. Esse aumento levou o dólar ao maior patamar desde maio de 2020, refletindo a crescente desconfiança de investidores quanto à capacidade do governo de reduzir gastos e manter a estabilidade econômica. Nos últimos dias, o mercado vinha respondendo à sinalização do ministro de que o anúncio poderia ocorrer após as eleições municipais, mas a falta de um posicionamento definitivo elevou a pressão sobre a moeda.
A expectativa no mercado financeiro é que o governo apresente um pacote de medidas que pode incluir cortes de até R$ 60 bilhões, o que seria fundamental para o aumento da credibilidade do governo junto a investidores. No entanto, Haddad afirmou que, apesar das reuniões com Lula (PT), ainda “não há previsão para o fechamento do pacote fiscal”. A declaração reforçou o pessimismo sobre o compromisso do governo com o ajuste fiscal e contribuiu para a valorização do dólar e a queda de 0,31% no índice Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira.
Além disso, os indicadores econômicos divulgados pelo Banco Central do Brasil reforçaram o clima de apreensão. Os investimentos diretos no país ficaram abaixo do esperado, somando US$ 5,23 bilhões, enquanto o déficit nas transações correntes atingiu US$ 6,53 bilhões, acima da expectativa de US$ 5 bilhões. Esses resultados, somados à incerteza quanto à gestão das contas públicas, levaram o dólar a acumular uma valorização de 18,72% no ano, ou o que é igual a uma desvalorização do real na mesma medida.