Em recente pronunciamento, Lula da Silva (PT) pediu que os resultados das eleições na Venezuela, marcadas para as próximas semanas, sejam reconhecidos por todos, apesar das evidências de fraude eleitoral atribuídas ao ditador Nicolás Maduro. Ao lado do presidente boliviano Luis Arce, após uma reunião bilateral, Lula enfatizou a importância de um processo eleitoral democrático para a estabilidade na América do Sul: “A normalização da vida política na Venezuela significa estabilidade em toda a América do Sul. Por isso, fazemos voto de que as eleições transcorram de forma tranquila e que os resultados sejam reconhecidos por todos”.
A declaração de Lula ocorre em um contexto controverso, especialmente considerando que, em 2020, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), o Brasil e vários outros países não reconheceram os resultados das eleições na Venezuela, controladas por Nicolás Maduro. Na ocasião, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro, junto com outras nações, classificou o pleito como “fraudulento”, citando a falta de legalidade e legitimidade no processo. A postura atual do governo Lula, pedindo o reconhecimento dos resultados, contrasta fortemente com a posição adotada pelo Brasil há apenas alguns anos, quando o governo brasileiro se manteve distante das ditaduras latino-americanas.
Em 2018, a reeleição de Nicolás Maduro foi marcada por denúncias de fraude, alta abstenção e falta de reconhecimento internacional, além disso, a empresa Smartmatic, fornecedora de tecnologia eleitoral, acusou as autoridades venezuelanas de manipulação dos resultados, alegando uma variação que poderia ultrapassar um milhão de votos. O próprio Lula, em março deste ano, expressou surpresa com o impedimento da candidatura de Corina Yoris, destacando a falta de explicações jurídicas e políticas para tal decisão. No entanto, o atual governo brasileiro não passa do discurso e oferece apoio pleno a Nicolás Maduro, inclusive negociando sua reincorporação ao Mercosul.