Uma nova fase da investigação da Polícia Federal (PF) está sendo lançada para apurar a possível participação não apenas do ex-juiz e senador Sergio Moro, mas também de sua esposa, a deputada federal e advogada Rosangela Moro (União-SP); do ex-coordenador da “lava jato” Deltan Dallagnol; do procurador regional da República Januário Paludo; do ex-procurador Carlos Fernando de Santos Lima, entre outros ex-membros da força-tarefa em Curitiba; e do advogado Carlos Zucolotto Júnior, ex-sócio de Rosangela Moro.
O inquérito visa examinar o que supostamente foram práticas invasivas da “Lava Jato”, assim como a possível imposição de tarefas ilícitas a colaboradores, incluindo a promoção de escutas e a entrega de gravações clandestinas de eventos não relacionados ao acordo de delação de um dos envolvidos, o ex-deputado estadual Tony Garcia.
A PF pretende investigar a cooptação de colaboradores pré-selecionados, negociações direcionadas para a homologação de acordos de delação, bem como chantagens, coações, ameaças e constrangimentos para a manutenção do acordo com Garcia.
Os possíveis crimes investigados incluem concussão, fraude processual, organização criminosa e lavagem de capitais, conforme apontado pela PF.
O inquérito foi aberto por Dias Toffoli após representações da PF e da Procuradoria-Geral da República com base nos relatos de Garcia, que afirmou ter atuado como “colaborador infiltrado” para Moro e os procuradores no meio político e empresarial.
Garcia, ex-delator do consórcio de Curitiba, acusou Moro de coagi-lo a atuar como um “agente infiltrado”. Ele afirmou que gravou autoridades, como o ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB), a pedido do então juiz.
O empresário relatou intimidações por parte de Moro e dos procuradores, sendo obrigado a investigar pessoas por meio de escutas ambientais e fornecimento de números de telefone para interceptação, sob a ameaça de rescisão do acordo, prisão e expropriação de seus bens.
Moro afirmou desconhecer a decisão e ratificou que não houve irregularidades no processo, sustentando que o instituto da colaboração premiada não tinha o mesmo regramento da atualidade à época dos fatos e que nunca obteve gravações de membros do Poder Judiciário.
A PF planeja ouvir Moro, Dallagnol, Rosangela, a juíza Gabriela Hardt e outros membros do sistema de justiça criminal que atuaram na “Lava Jato”. O doleiro Alberto Youssef, outro delator, também pode ser chamado para depor.