O presidente Joe Biden chamou Xi Jinping de ditador durante um evento de arrecadação de fundos na Califórnia nesta terça-feira. As declarações de Biden ocorrem um dia após o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, concluir sua visita a Pequim em um esforço para melhorar as relações bilaterais que, segundo a China, estão no ponto mais baixo desde o estabelecimento de laços formais.
“A razão pela qual Xi Jinping ficou muito irritado quando abati o balão com duas caixas cheias de material de espionagem é que ele não sabia que estava lá”, declarou Biden durante o evento. “Quando eles não sabem o que está acontecendo, isso é uma grande vergonha para os ditadores. Não era para aquele (o balão espião) estar lá. Ele desviou de seu curso pelo Alasca e depois pelos Estados Unidos. E ele não sabia. Quando foi abatido, ele estava muito envergonhado. Ele negou que estivesse lá”, acrescentou.
As palavras de Biden provocaram uma resposta rápida de Pequim. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, as classificou como “extremamente absurdas e irresponsáveis” durante uma coletiva de imprensa, segundo a imprensa chinesa.
Enquanto o bate-boca se desenvolve, um novo acordo militar está se consolidando entre as duas potências. O secretário de Defesa norte-americano Lloyd Austin eventualmente iniciará as conversações com sua contraparte, uma vez que seja indicada pelo governo chinês. Os objetivos, ainda confidenciais, estarão destinados à defesa dos interesses norte-americanos e a “proporcionar progresso nas prioridades do povo estadunidense”.
Outro assunto de nível militar que foi discutido e será um dos assuntos prioritários nas conversas do secretário Austin com seu homólogo chinês é Taiwan.
Biden afirmou que ratificou a política norte-americana de “Uma China” e acrescentou que “isso não mudaria”.
Todavia, o presidente dos EUA reiterou que continuariam na provisão de armas a Taiwan como um mecanismo de dissuasão de um conflito armado que poderia escalar rapidamente.
Em resposta, o presidente Xi disse que seu governo não está planejando invadir Taiwan; mesmo assim, Biden criticou a forte preparação militar chinesa ao redor da pequena ilha.
Pode ser considerada essa reunião como o começo de uma nova etapa das relações China-EUA, caraterizada sempre por tensões sobre a visão estrutural e geopolítica particular, mas, sempre respeitando a condição de ambas como potências globais. Dessa vez, os canais de comunicação foram institucionalizados até um nível militar, criando um desgelo em pontos sensíveis dos interesses de Pequim e Washington.