O ex-presidente Evo Morales anunciou hoje sua ruptura com seu pupilo Luis Arce, acusando-o de tentar detê-lo e extraditá-lo para os Estados Unidos, em um esforço para evitar que ele se torne candidato nas eleições presidenciais de 2025. Morales, que liderou a Bolívia de 2006 até sua renúncia em 2019, declarou que, de qualquer forma, se candidatará.
O confronto público entre os dois líderes políticos foi desencadeado durante um acalorado debate em que trocaram acusações sobre quem é responsável pelo desastre econômico atual na Bolívia, incluindo a queda na produção de gás natural. Esse debate, que manteve os bolivianos atentos às telas, jogou luz sobre a preocupante transformação do que antes era chamado de “Bolívia saudita” em um país que, de acordo com as projeções, terá que importar gás natural para o consumo interno em 2029.
O semanário Siglo 21 observou que o debate serviu para ilustrar qual dos dois líderes poderia ser o pior candidato possível nas eleições de 2025, enquanto a oposição continua profundamente dividida.
Evo Morales desacreditou Luis Arce, esclarecendo que Arce não foi o cérebro por trás da política econômica de seu governo, mas sim um simples “caixa” durante os treze anos em que atuou como ministro da Economia. Morales expressou: “No gabinete, Lucho era conhecido como o caixa, não como ideólogo. Se ele fosse um ideólogo, em três anos (de seu governo atual) teria revitalizado a economia da Bolívia, mas em três anos a afundou na decadência”.
Para acrescentar um toque de ironia à disputa, os seguidores de Arce decidiram conceder ao presidente atual um diploma que o reconhece como “o melhor ministro da Economia na história da Bolívia”.
Enquanto isso, os ministros de Arce responderam às críticas e apontaram que o colapso na produção de gás natural se deveu à falta de investimentos no setor entre 2014 e 2019, devido à falta de incentivos.
A tensa confrontação foi interrompida por Morales, que acusou o governo de planejar sua detenção e posterior extradição para os Estados Unidos, presumivelmente por acusações de tráfico de drogas. Após fazer essa denúncia, Morales anunciou sua decisão de se candidatar pelo Movimento ao Socialismo (MAS) nas eleições de 2025, com o propósito de enfrentar os ataques que supostamente está recebendo do governo.
Morales também afirmou que o governo está tentando impedi-lo de concorrer como candidato por meio de medidas da autoridade eleitoral, e insinuou ameaças à sua integridade física.